Os alunos Moisés Araújo e Andressa Figueiredo fazem parte do grupo que planeja entrar com representação no Ministério Público Federal solicitando a anulação da prova e a realização de um novo teste. (Foto: Kiko Silva)
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014, que tratou da publicidade infantil no Brasil, também chegou ao conhecimento de alguns candidatos do Ceará. A informação foi confirmada, ontem, por um grupo de estudantes de uma escola particular da Capital, que planeja entrar com representação no Ministério Público Federal (MPF) solicitando a anulação da prova e a realização de outra.

Para o estudante Moisés Araújo, 20, que tenta uma vaga no curso de Medicina, foi uma decepcionante surpresa saber que a mensagem que tinha recebido por meio de um aplicativo no smartphone pouco tempo antes do início da prova era o tema real da redação. "Recebi a mensagem por volta de 10h40, quando estava me arrumando para ir ao local de prova. Não levei em consideração e, quando vi na prova, era a mesma coisa, até o mesmo gráfico", comenta.

Segundo explica, a mensagem foi enviada por um amigo de Campinas (SP), o qual já havia recebido por meio de um grupo no mesmo aplicativo. "É revoltante saber que estão mexendo com o sonho das pessoas. Muita gente passa o ano estudando para isso e deixa de fazer outras coisas, como eu que, neste ano, estava matriculado em um curso universitário e deixei para tentar mais um ano entrar em Medicina", acredita.

Somente quando acabou a prova do último domingo (9), a candidata Andressa Figueiredo, 17, viu a mensagem de um amigo no celular enviada por volta das 13h, comunicando a possibilidade do tema da redação ser publicidade infantil. Quando viu que o amigo tinha razão, se disse chocada com o vazamento da informação. "Ele disse ter recebido a prova às 11h mas achou ser brincadeira, então eu que disse a ele que realmente o tema foi esse. Fiquei muito surpresa".

Conforme ressalta, o tema deste ano pegou todos de surpresa e não foi sequer cogitado durante o ano de preparo para o Exame. "Muita gente perdeu muito tempo na prova tentando discorrer sobre o assunto. Saber que pessoas já sabiam do tema antes disso é muito revoltante. Passamos muito tempo nos dedicando para nos deparar com isso", reclama.

O primeiro indício do vazamento do tema da redação do Enem veio à tona na última quarta-feira (11), quando um estudante do Piauí afirmou ter recebido a informação pelo celular. A Polícia Federal entrou no caso e segue investigando a situação.

Em contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), na tarde de ontem, a assessoria de comunicação apenas informou, por meio de nota, que o celular do estudante piauiense foi apreendido e perícias estão sendo realizadas no aparelho por parte da Polícia.
"Desde o início do exame, outras denúncias foram recebidas e, quando apuradas, todas se mostraram infundadas. O Inep trabalha em conjunto com a PF para dar, cada vez mais, rigor e segurança à aplicação do exame, garantindo assim a isonomia entre os participantes", completa a nota.

Questão errada

Essa não é a única contestação do Enem neste ano. Professores de Matemática da Organização Educacional Farias Brito contestam, também, uma questão da prova de Matemática e suas Tecnologias, aplicada no último domingo (9). Segundo os educadores, a questão 165 da prova amarela, 146 da prova azul, 150 da prova rosa e 163 da prova cinza não apresenta nenhuma alternativa correta, portanto, a instituição pede a anulação da questão.

O professor de Matemática da instituição, Thiago Pacífico, explica que o erro está no enunciado, que pede para ser apontado o número de divisores de N, não especificando se tratar apenas dos divisores positivos. Portanto, a resposta deveria ser o dobro da apontada pelo exame como correta. "Foi uma falha do zelo que deveria ter tido com o enunciado. Esperávamos que tivesse vindo no gabarito oficial como questão anulada, mas não foi o que aconteceu".

Mais informações

Saiba como entrar com uma representação no Ministério Público Federal do Ceará por meio do telefone (85) 3266.7363

Fonte: Diário do Nordeste
 
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