Grupo criminoso utilizava funcionários de lojas para desviar informações de usuários para cometer crimes
A Polícia Civil já identificou quem seria o homem por trás dos golpes aplicados em clientes de lojas de um shopping center da Capital. As vítimas tinham os dados cadastrais furtados de dentro das lojas e as informações eram utilizadas para adquirir bens e obter créditos financeiros indevidamente.
O suspeito, de acordo com a Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), seria o catarinense Evaldo Colin Júnior, de 45 anos. Ele foi preso na última semana em cumprimento a mandado de prisão também por estelionato e será investigado por mais uma série de crimes.
De acordo com o delegado titular da DDF, Jaime Paula Pessoa Linhares, o suspeito foi capturado quando buscava contato com outros membros do grupo criminoso, no bairro Castelo Encantado, na Capital.
“Ele tinha a tática de dispor de pessoas para que ele pudesse fugir da responsabilidade criminal. Evaldo foi preso em cumprimento de mandado de prisão, mas estava a caminho para se encontrar com algumas das pessoas que lhe dão os dados dos clientes das lojas”, afirmou.
Com Evaldo, a Polícia localizou e apreendeu vasto material que, supostamente, seria utilizado para a aplicação de mais golpes no mercado. “Ele admite ter cometido todos os crimes, mas é uma pessoa difícil de localizar. Com ele encontramos um talão de cheques em nome de outra pessoa, cartões de crédito, documento de carro, e cópias de carteiras de habilitação”, disse o delegado Jaime Paula Pessoa.
Estrutura
Conforme as investigações, Evaldo encomendava os dados e pagava R$ 100 por pacote de informações dos clientes, com diversos nomes, RGs e CPFs.
Segundo o delegado, uma vez de posse dos dados, o suspeito encomendava os documentos falsificados para um outro homem identificado apenas como “Peixe”. A ele, Evaldo pagava R$ 300 por cada documento.
“Ele possuía listas com vários nomes, adquiridas das pessoas infiltradas nas lojas. Usava a foto dos comparsas, e ficava com boa parte do que era adquirido nos golpes”, relatou Linhares.
Evaldo, de acordo com o delegado, morava no bairro Meireles, área nobre de Fortaleza, mas era comumente visto no Castelo Encantado, onde aliciava pessoas para utilizar nos golpes. Dentre estes, estava André Pereira de Souza, 22.
Vítima
O Diário do Nordeste apresentou, com exclusividade, na última segunda-feira (4), a história de um médico que foi vítima da quadrilha no mês de abril.
A DDF identificou o funcionário de uma loja de departamentos responsável pelo furto dos dados. O médico havia feito uma compra em uma loja de celulares e forneceu dados para cadastro. Conforme a Polícia, o funcionário, sob comando de Evaldo, obteve acesso aos dados do médico e realizou compras de aparelhos celulares e chips telefônicos, além de roupas em lojas, através de cartão de crédito obtido de forma fraudulenta.
“André disse que foi aliciado por um homem que mora no bairro Castelo Encantado, área em que ele também vive. Disse que estava passando por dificuldades e este homem teria oferecido dinheiro fácil”, revelou Jaime Paula Pessoa.
Durante as investigações, Evaldo foi identificado pela Polícia e confirmou ter tido participação nos golpes. Ele confessou, também, ter tentado adquirir um veículo importado através de financiamento. O golpe apenas não foi concluído pois a financiadora telefonou para o verdadeiro número de celular do médico, que negou a aquisição do bem, desencadeando o início dos trabalhos policiais.
“Evaldo disse que dos golpes aplicados em parceria com André conseguiu lucrar apenas R$ 1.000,00, obtidos em dois telefones celulares comprados no nome do médico. Ele também confirmou ter tentado financiar indevidamente um carro”, frisou. Além do médico, também chegou ao delegado a denúncia de uma mulher que esteve na mesma loja em que André trabalha, ainda no mês de abril.
“Ela recebeu uma ligação de um banco, para confirmar uma compra feita pela internet, em euros, em um site francês. Segundo a mulher, ela esteve na loja de departamentos onde deixou dados para fazer um cartão de crédito em abril. Suspeitamos que ela também foi vítima da mesma quadrilha”, relatou.
Fragilidade
Jaime Paula Pessoa Linhares criticou com ênfase o atual sistema utilizado por diversas empresas no País para adquirir e armazenar os dados fornecidos pelos clientes nos cadastros realizados. Para o titular da DDF, falta zelo para com o conteúdo.
“Faltam critério e responsabilidade por parte destas empresas com o trato dos documentos ao fornecerem tamanha facilidade de vazamento de dados. O número dessas fraudes está em escala crescente”, disparou.
Levi de Freitas
Repórter
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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