Dono de funerária foi morto em 2012. Com a prisão do grupo nos últimos dias, crime poderá ser elucidado
A história
começa em Tianguá, a 310Km de Fortaleza. O ano era 2012. Um casal com
problemas conjugais resolvia a separação judicialmente. Em disputa, a
guarda da filha, de 11 anos.
Francisco
Wellington da Silva, então com 37 anos, era proprietário de uma
funerária e não aceitava perder a esposa, Antônia Lourenço Sá, à época
com 29 anos. A mulher, porém, já não queria mais viver maritalmente com
aquele homem. Em uma das discussões, Antônia chegou à casa onde moravam
acompanhada de outro homem, o que gerou uma discussão.
Na oportunidade
que teve frente a frente com a Justiça, Francisco Wellington apelou.
Forneceu detalhes sobre uma quadrilha a qual ele e a então esposa faziam
parte. O grupo criminoso efetuava golpes, como clonagem de cartões e
empréstimos irregulares.
Dias depois,
Francisco recebeu uma mensagem no celular. O texto era claro: "você
violou a primeira regra do jogo. Caguetagem. Quem procura acha. Anda bem
muito aqui em Fortaleza, seu cagueta safado. Isso é só um aviso",
dizia.
Diante da
ameaça, o homem registrou um Boletim de Ocorrências, em 22 de setembro.
Entretanto, ele foi assassinado no dia 2 de novembro. O crime, envolto
em mistério, até hoje não foi desvendado.
O tempo passou.
Antônia mudou-se para Fortaleza. Vivia em apartamento na Rua
Desembargador Leite Albuquerque, no Meireles, área nobre da Capital. Na
companhia dela, também vivia Francisco Inácio de Oliveira, o 'Louro
Chefe' ou 'Regilânio', de 35 anos.
Quarta-feira,
29 de abril de 2015. Uma equipe policial do 15º DP (Cidade 2000)
realizava abordagens de rotina nas proximidades da Praia do Futuro.
Observaram um veículo Volkswagen Golf, guiado por um homem, e decidiram
pará-lo. O motorista obedeceu a ordem dos policiais e entregou um
documento de identificação. Os policiais desconfiaram do papel e
decidiram encaminhar o homem à Delegacia.
Os agentes não
sabiam, mas ali estava um homem apontado como chefe de uma quadrilha
interestadual que causou rombo milionário em instituições públicas e
privadas clonando cartões e contratando empréstimos fraudulentos no
Ceará, Maranhão, Piauí e Brasília.
Francisco
Inácio fora abordado por policiais civis na tarde de 29 de abril. Na
Delegacia, disse possuir dois endereços. Um deles, onde estava a mulher,
segundo ele grávida. Não revelou com exatidão o local. Porém, indicou
outro endereço, um condomínio de luxo com vista para o mar na Praia do
Futuro.
No endereço, os
policiais localizaram Luiz Martins de Oliveira Filho, de 39 anos. Luiz
apresentou documentação falsa. Contra ele constava mandado de prisão
emitido em outubro de 2012 por crime de estelionato.
No apartamento,
os policiais ainda localizaram e apreenderam dez cédulas de identidade
em branco, sendo sete de Pernambuco e três do Piauí.
Dois dias
depois, Antônia Lourenço foi presa por policiais do Serviço Reservado da
1ªCia do 15ºBPM (Eusébio), exatamente no apartamento cujo endereço
Francisco Inácio não revelou à Polícia Civil.
No local, foram
encontrados cédulas de RG em branco para serem preenchidas com os nomes
das vítimas, rolos de comprovantes de residência, incluindo contas da
Companhia Energética do Ceará (Coelce), Companhia de Água e Esgoto do
Ceará (Cagece) e Companhia Energética de Pernambuco (Celpe),
contracheques de servidores públicos, talonário de cheques, contratos de
empréstimos realizados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
carimbos de várias repartições públicas do Ceará; cartões magnéticos,
máquinas para falsificação de documentos, fotografias 3x4, e carteiras
de identidade e CNHs falsas em que constavam a fotografia de Antônia.
Ações
Conforme o
delegado titular do 15º DP, Hélio Marques, as três pessoas presas são
suspeitas de integrarem uma quadrilha composta por mais de 30 pessoas.
Inácio e Luiz seriam os chefes do bando. "Estes dois homens eram os
mandantes dos crimes. Eles confessam, inclusive, as participações no
esquema. A mulher era também membro da quadrilha", disse.
De acordo com
as investigações, um dos golpes aplicados pelo grupo era em relação à
obtenção de empréstimos fraudulentos a pessoas da terceira idade. No
esquema, a quadrilha dava 30% do dinheiro dos empréstimos a idosos que
aceitassem se passar por outros, no momento do contrato.
A Polícia agora
volta os olhos também para o homicídio de Francisco Wellington,
cometido em 2012. Conforme Hélio Marques, o trio pode estar diretamente
envolvido com a morte do proprietário da funerária no município de
Tianguá.
"Temos a
suspeita de que o homem que apareceu na casa da vítima, quando houve uma
das discussões, era o Francisco Inácio. Ainda investigamos se Luiz
seria o braço armado da quadrilha. Há, ainda, a suspeita de que a morte
de Wellington tenha sido por ele ter delatado a quadrilha durante o
processo de divórcio de Antônia", destacou.
Levi de Freitas
Repórter
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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