A gaúcha Luciana Cunha de Oliveira chegou ao Rio há oito anos, motivada pelas oportunidades de emprego da cidade olímpica. Sem dinheiro, foi morar num cortiço na Região Portuária. No início de 2014, o local foi desapropriado e os moradores, beneficiados pelo programa federal “Minha casa, minha vida”. A mulher, com 36 anos e grávida de quatro meses, iria se mudar para o Conjunto Residencial Haroldo de Andrade, em Barros Filho, na Zona Norte. A esperança de uma vida melhor, contudo, foi interrompida pelo crime: após uma visita à futura casa, em maio do ano passado, Luciana foi obrigada, por traficantes que dominam o conjunto, a entrar num carro e nunca mais foi vista.
Uma investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) revela que Luciana foi morta e teve seu cadáver ocultado pelos bandidos após uma briga com uma amiga, que também foi beneficiada pelo programa e já morava no condomínio. Segundo testemunhas contaram à DDPA, Elizabeth Munick Joaquim, de 31 anos, não se conformou com uma ofensa racista de Luciana a seu filho e entregou a mulher aos bandidos.
Na última terça-feira, Elizabeth foi presa pela especializada em Juiz de Fora, Minas Gerais, para onde fugiu após o crime. As investigações concluíram que ela abriu, no apartamento que ganhou, um comércio, que virou ponto de venda de drogas. Em depoimento, Elizabeth negou ter entregado Luciana aos traficantes e contou que os bandidos presenciaram a discussão e intervieram em sua defesa.
Em março, a série de reportagens “Minha casa, minha sina”, publicada pelo EXTRA, revelou que 80 famílias oriundas de áreas dominadas por uma facção rival foram expulsas do mesmo condomínio após uma ordem de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, chefe do tráfico do Complexo da Pedreira. Na ocasião, o bandido ofereceu os apartamentos a aliados.
Mãe continua a pagar R$ 25 por mês pela casa
No início de 2014, Luciana ligou para a mãe, a dona de casa Solange Maria de Farias Cunha, de 55 anos, que mora em Porto Alegre. Na ocasião, ela contou que estava grávida de um filipino que havia conhecido na Região Portuária e que iria se mudar para um condomínio do programa “Minha casa, minha vida”. Essa foi a última vez que Solange ouviu a voz da filha. Mais de um ano após o desaparecimento, a dona de casa continua a pagar R$ 25 por mês à Caixa pelo imóvel.
— Não quero perder o apartamento. Como o corpo não apareceu, ainda tenho esperanças de achar minha filha. Quando parei de ter notícias dela, mandei meu filho ao Rio. Contaram a ele que ela havia sumido depois de ir ao apartamento e visitar a Elizabeth. Eu só quero saber o que aconteceu. Essa mulher sabe onde está a minha filha — diz Solange.
Segundo Elen Souto, delegada titular da DDPA, as investigações continuam para identificar os bandidos responsáveis pelo crime.
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos, absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série “Minha casa, minha sina”, que o EXTRA publicou em março.
Fonte:Extra
Uma investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) revela que Luciana foi morta e teve seu cadáver ocultado pelos bandidos após uma briga com uma amiga, que também foi beneficiada pelo programa e já morava no condomínio. Segundo testemunhas contaram à DDPA, Elizabeth Munick Joaquim, de 31 anos, não se conformou com uma ofensa racista de Luciana a seu filho e entregou a mulher aos bandidos.
Na última terça-feira, Elizabeth foi presa pela especializada em Juiz de Fora, Minas Gerais, para onde fugiu após o crime. As investigações concluíram que ela abriu, no apartamento que ganhou, um comércio, que virou ponto de venda de drogas. Em depoimento, Elizabeth negou ter entregado Luciana aos traficantes e contou que os bandidos presenciaram a discussão e intervieram em sua defesa.
Em março, a série de reportagens “Minha casa, minha sina”, publicada pelo EXTRA, revelou que 80 famílias oriundas de áreas dominadas por uma facção rival foram expulsas do mesmo condomínio após uma ordem de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, chefe do tráfico do Complexo da Pedreira. Na ocasião, o bandido ofereceu os apartamentos a aliados.
Mãe continua a pagar R$ 25 por mês pela casa
No início de 2014, Luciana ligou para a mãe, a dona de casa Solange Maria de Farias Cunha, de 55 anos, que mora em Porto Alegre. Na ocasião, ela contou que estava grávida de um filipino que havia conhecido na Região Portuária e que iria se mudar para um condomínio do programa “Minha casa, minha vida”. Essa foi a última vez que Solange ouviu a voz da filha. Mais de um ano após o desaparecimento, a dona de casa continua a pagar R$ 25 por mês à Caixa pelo imóvel.
— Não quero perder o apartamento. Como o corpo não apareceu, ainda tenho esperanças de achar minha filha. Quando parei de ter notícias dela, mandei meu filho ao Rio. Contaram a ele que ela havia sumido depois de ir ao apartamento e visitar a Elizabeth. Eu só quero saber o que aconteceu. Essa mulher sabe onde está a minha filha — diz Solange.
Segundo Elen Souto, delegada titular da DDPA, as investigações continuam para identificar os bandidos responsáveis pelo crime.
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos, absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série “Minha casa, minha sina”, que o EXTRA publicou em março.
Fonte:Extra
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