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Delfino Lima de Jesus tem 52 anos e comanda obra em Araraquara (SP). Há 10 anos, ele sofreu uma trombose, um AVC e ainda foi abandonado pela mulher.

A história de hoje, é de um grande guerreiro chamado Delfino Lima de Jesus. Ele já passou por várias situações na vida que o fariam a maioria das pessoas desistir: há dez anos teve que amputar as duas pernas devido a uma trombose. Por conta disso, foi abandonado pela mulher. Em meio ao processo de recuperação ainda sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Hoje, aos 52 anos, ele se mantém firme trabalhando em uma construção em Araraquara (SP), de onde tira o sustento para manter os três filhos. “Me sinto feliz e realizado, não vejo a minha situação como um problema e sim como um aprendizado”, disse ele, que planeja um novo casamento.
Lima durante o trabalho em obra de salão de festas em Araraquara
Lima, como gosta de ser chamado, trabalha na obra de um salão de festas de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Além disso, faz bicos como pedreiro, carpinteiro, encanador e eletricista. “Hoje meu padrão de vida é melhor, mas ainda falta muito trabalho, gostaria de ter mais serviço para conseguir pagar as contas com o meu próprio suor’’, afirmou.

Antes de amputar as pernas, o pedreiro contou que fumava três maços de cigarro por dia. Aos 42 anos, já sofria com fortes dores, tinha problemas de circulação e dificuldade para andar. Segundo o mestre de obras, os médicos alertaram que a situação estava grave, mas ele achava que nada aconteceria.

Após procurar tratamento na cidade de Mirassol, Lima ficou internado e precisou amputar a perna esquerda. “Fiquei 15 dias na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e 30 dias depois amputei a outra em Araraquara. Fiquei debilitado e tomei morfina por três meses para aguentar a dor. Cheguei a ficar viciado”, relembrou.

Mais problemas

Em oito meses, Lima relatou que viu sua vida mudar drasticamente. Após perder as pernas, foi abandonado pela mulher e pouco depois sofreu um AVC. Em meio à recuperação, os médicos indicaram um acompanhamento psicológico, mas o mestre de obras não achou necessário. “O meu tratamento foi a minha família, o apoio e a força que os meus filhos me deram”.

Aos poucos, Lima foi se adaptando. Ele, que também é marceneiro, passou a produzir móveis e logo recebeu a visita de um engenheiro, que lhe propôs trabalho na obra da antiga cadeia pública de Araraquara, atualmente o Centro de Reabilitação. Desde então, não parou mais de trabalhar e não aceita ser chamado de incapaz.

“Acho que incapaz é quem não consegue trabalhar e graças a Deus eu consigo. Muitas vezes olham com desconfiança e aí tenho que provar que consigo fazer o que sei”, relatou ele, que recebe um salário mínimo de aposentadoria e mantém a atividade para complementar a renda e sustentar os filhos, um de 20 anos, outro de 24 e uma mulher de 27.

Deficiência
Lima disse que não se sente uma pessoa deficiente. Ele não utiliza cadeira de rodas e consegue fazer quase tudo sem dificuldade. O pedreiro chegou a adaptar um carro para conseguir se locomover e não depender de ninguém. Recentemente, conseguiu comprar um veículo automático.

Animado, ele namora e faz planos para se casar em breve, assim que acabar de construir a casa. Lima também frequenta a igreja evangélica e disse que a força para continuar sua missão vem de Deus.

“É tudo para mim, não vou a lugar nenhum sem Ele. Quem passa por momentos complicados tem que olhar para cima e pedir porque é de lá que vem o socorro”, disse o mestre de obras, que nas horas vagas gosta de se reunir com a família e os amigos em churrascos para colocar o papo em dia.

Fonte: Portal G1

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