O Instituto
Butantã iniciou na última quinta-feira os testes da vacina contra
dengue. Os primeiros voluntários são de São José do Rio Preto, interior
de São Paulo. As 1 200 pessoas selecionadas devem receber a vacina na
Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Toninho. Elas serão acompanhadas
durante cinco anos. Na próxima semana, os testes serão iniciados em
centros de pesquisas de Manaus (AM) e Boa Vista (RR).
A cidade
escolhida para os testes com a vacina no Estado de São Paulo tem altos
índices de casos da doença. Rio Preto registrou 22 mil ocorrências de
dengue em 2015 e, de janeiro a maio deste ano, outros 11.395, além de
4.284 em investigação. Doze pessoas morreram. Os efeitos da vacina nos
pacientes serão avaliados por pesquisadores da Faculdade de Medicina de
São José do Rio Preto (Famerp), com a colaboração da Secretaria
Municipal de Saúde.
O governador
Geraldo Alckmin (PSDB) esteve na cidade para acompanhar a iniciativa. Na
solenidade, referiu-se ao início dos testes como um dia histórico. “Não
temos no mundo uma vacina com grau de proteção elevado contra os quatro
tipos de vírus. O Instituto Butantã já fez o teste pré-clínico e das
fases um e dois e agora estamos na última fase”, disse.
Os testes em
humanos são a última fase da pesquisa antes da aprovação da vacina para
produção em larga escala visando a atender campanhas de imunização em
massa na rede pública de saúde. Ao todo, serão mobilizados 17 mil
voluntários em 14 centros de pesquisas de 13 municípios brasileiros. Os
ensaios clínicos desta fase foram iniciados em fevereiro deste ano pelo
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo.
Os voluntários,
que nunca tiveram a doença, estão divididos em três faixas etárias: 2 a
6 anos, 7 a 17 e 18 a 59. Os participantes serão acompanhados pela
equipe médica por um período de cinco anos para verificar a duração da
proteção. Os testes também serão realizados em Porto Velho (RO), Aracaju
(SE), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo
Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS).
Vacina
A vacina do
Butantã foi desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health
(EUA) e tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue
com uma única dose, produzida com vírus vivos, geneticamente atenuados.
Nesta etapa da pesquisa, os estudos visam a comprovar a eficácia da
vacina. Do total de voluntários, um terço receberá placebo, uma
substância com as mesmas características, mas sem o vírus. Nem a equipe
médica, nem os voluntários saberão quem recebeu o placebo. O objetivo é a
garantir a total isenção dos testes.
Nas etapas
anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas, nos Estados Unidos e em
São Paulo. O Butantã tem uma fábrica com capacidade para produzir 500
000 doses por ano, mas que pode ser ampliada para produção de até 12
milhões de doses por ano com algumas adaptações. O Instituto tem projeto
para construir uma fábrica de larga escala, com capacidade de 60
milhões de doses ao ano.
Custo
O Brasil já
tem uma vacina contra a dengue registrada na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), mas seu uso ainda depende da definição do
preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão
interministerial do governo federal. A vacina da Sanofi Pasteur protege
contra os quatro sorotipos da doença, mas exige três aplicações. A
empresa francesa anunciou que o Ministério de Saúde da Costa Rica
aprovou a vacina, também registrada no México, El Salvador e Filipinas.
*****Veja
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