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O idoso José Hunaldo Moura de Carvalho, 85 anos, dono da Serraria Carvalho, na Baixa dos Sapateiros, está sendo procurado pelos bombeiros, após o estabelecimento onde ele morava ter sido consumido pelo fogo na noite desta segunda-feira (3). Os bombeiros também fazem o trabalho de rescaldo na manhã desta terça-feira (4). Por causa disso, a Avenida J. J. Seabra está interditada.
Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o idoso está sendo procurado em meio aos escombros desde que familiares informaram que ele não conseguiu deixar o local após o início do incêndio.
Moradores contaram à reportagem do CORREIO que o comércio funcionava há mais de 50 anos e o dono, conhecido como Carvalho, morava no local e não teve tempo de sair. o autônomo Carlos Dantas, 29 anos, pelo menos 30 famílias saíram de casa por medo do fogo. "Seu Carvalho não teve tempo de sair. Ouviram ele gritando e batendo na porta. Eu saí com minha família, estamos apavorados, nunca vi nada assim de perto", afirmou ele, segurando a filha de três anos no colo.
Dois grandes casarões foram destruídos durante o incêndio, que começou por volta das 22h e foi controlado pelo Corpo de Bombeiros cerca de duas horas depois. No local, funcionavam os estabelecimentos Belíssima Confecções, Ítalo Confecções, Vitrine Joia, Verona Kids e Serraria e Organização Carvalho. 
De acordo com a SSP, cerca de 40 oficiais e praças iniciaram o trabalho de isolamento da área e combate ao fogo. Cinco caminhões Auto Bomba Tanque (ABT) foram posicionados na Avenida J.J. Seabra, atacando as chamas de formas frontal e lateral, e na Rua Ramos de Queiroz, atuando nos fundos dos imóveis.
O 18° BPM (Centro Histórico), o Exército, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e órgãos municipais deram apoio com carros-pipa, atendimento médico e bloqueios de vias.
Segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Francisco Telles de Macêdo, o trabalho de rescaldo, devido a quantidade de madeira, no local, pode se repetir durante alguns dias. "Mais uma vez as equipes atuaram com excelência. Assim como no incêndio da Assembleia Legislativa da Bahia, chegamos rapidamente e evitamos uma destruição maior", declarou.
Sem teto
No local, o cenário era de desolação. Dezenas de pessoas se aglomeraram por toda extensão da rua. Alguns, bastante abalados, não quiseram falar. Outros, apenas tentavam presumir o dia de amanhã.
"O que mais me dói é imaginar como vou dormir essa noite, e onde vou dormir. É um sentimento enorme de tristeza pra gente", comentou a dona de casa Lourdes Santos, 57.
A moradora, que é vizinha da serraria, disse que conhece o dono, Carvalho, há muito tempo. "Conheço há uns 30 anos. Se ele tivesse vivo, já teria aparecido por aqui, porque ele morava lá", acredita. De acordo com Lourdes, o fogo começou perto das 22h. "Eu não sei exatamente, porque a gente logo se assustou. Os bombeiros chegaram por volta de 22h30, acredito".
Dona de uma loja na mesma rua, a comerciante Elizeth Paixão, 50, estava aos prantos. Ela foi avisada por colegas lojistas sobre o incêndio e correu pro local. "Deus ajude que não aconteça coisa pior, que Deus nos ajude", repetia, em tom de desespero.
Rede Nordeste

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