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 Uma polêmica se instalou em Canela, na região serrana do Rio Grande do Sul, depois que o vereador Alberi Galvani Dias (MDB) sugeriu a pulverização da cidade com álcool, com a ajuda de aviões e helicópteros, para combate ao coronavírus . A ideia foi apresentada durante a sessão da Câmara de Vereadores realizada na segunda-feira (15).



– Quem sabe nós poderíamos pulverizar [com álcool] nossa cidade de avião. Não sei se existe álcool gel líquido ou alguma coisa, porque o vírus está no ar. Pulverizar lavouras, talvez seja uma ideia – afirmou o vereador durante a sessão. No vídeo, é possível ver seus colegas rindo e um tanto incrédulos com a proposta.

Procurado pela reportagem do Estadão, Dias afirmou que está se baseando na experiência de outros países.

– Eu vi que a China pulverizou com drones, um trabalho com cloro e álcool etílico. Lá, na China, praticamente eliminaram o coronavírus. O vírus está no telhado, nas praças – afirmou.
O vereador também afirmou que sua proposta encontra embasamento científico e citou estudos do professor aposentado da Universidade Federal de Pelotas, Gastão Cruz Gisler.

Procurado pela reportagem, Gisler, que é mestre em química, disse que sua proposta é “barata e acabaria com o vírus rapidamente”. Aposentado da UFPel há mais de 20 anos, ele defende que seria possível eliminar o vírus por meio do que chama de “barreira sanitária aérea”.

INFECTOLOGISTAS DISCORDAM

Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Luciano Goldani explica que não há nenhuma evidência científica para que tal medida seja tomada.

– Isso mostra total desconhecimento do vereador do caráter preventivo em relação à doença. Já se sabe que essas medidas de spray antisséptico nas superfícies não são as mais eficazes no combate ao vírus, já que a grande transmissibilidade dele é pela via respiratória – afirmou.

A secretária municipal de Saúde, Patrícia Valle, se disse surpresa e chocada com a proposta do vereador.

– A gente ficou meio estarrecida até. Uma proposta dessas causa impacto. A gente vem trabalhando tanto e tentando se embasar nas questões mais científicas e [em] pessoas técnicas, e esbarra em uma situação assim – disse.

A secretária afirmou ainda que a medida apresentada chega a “dar um certo desânimo”.

*Estadão

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