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Um adolescente completaria 18 anos no próximo sábado, 4 de junho. Não teve tempo de comemorar a maioridade. Morreu cravejado de balas, exatamente uma semana antes do aniversário. Levou consigo o irmão, Eliandro Silva dos Santos, 28, que dormia no quarto ao lado e teve o azar de se levantar para ver que barulho seria aquele, fora de casa, às 6h40.
Eram seus matadores. Segundo o titular da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos de Canoas (DHD), delegado Valeriano Garcia Neto, dois homens procuravam pelo menor. O irmão de Eliandro já escapara da morte duas vezes. Neste sábado, ela foi ao endereço certo, no Setor 1 do bairro Guajuviras.
O primeiro indício a chamar a atenção do delegado na matança foi a quantidade de disparos dentro da residência. "Foram dados pelo menos cem tiros. Somente os agentes do Instituto Geral de Perícias (IGP) recolheram 62 projéteis", afirmou. Outro fato a chamar a atenção dos investigadores foi a utilização de armamento pesado, como pistolas 9mm e .40. "São armas de uso restrito das forças policiais. Estamos diante de uma cena de execução, claramente. Nossa linha de investigação é a de que o crime tem motivação pela disputa no tráfico de drogas, ou algum desentendimento." Outra informação, dada aos agentes da DHD por testemunhas, foi a de que os dois algozes dos irmãos trajavam roupas com insígnias da Polícia Civil. “Na chegada, eles se anunciaram aos berros de 'Polícia! Polícia!'”, contou Garcia Neto. O adolescente, conforme o delegado, já era investigado por envolvimento com o tráfico e pelo menos dois homicídios. Não há suspeitos.
Mãe foi retirada da casa
A mãe dos rapazes tentou evitar que os filhos fossem mortos. Os criminosos a tiraram de casa. "Isso deixa claro que tinham um alvo definido. Havia mais gente no local", detalha o delegado Valeriano. Segundo ele, Eliandro foi morto porque olhou pela vidraça quando ouviu os assassinos arrombarem o portão da frente da casa. "Ele abriu a janela e foi alvejado”, explica. Depois disso, os dois matadores entraram na casa e dispararam contra as vítimas, que estavam em quartos separados, na parte da frente da casa. “Os dois usavam pistolas automáticas e levaram bastante munição. Tiveram tempo até de trocar os carregadores das armas durante o crime e continuar atirando”, concluiu.
Nascido e criado
Apesar de ter apenas 17 anos, o rapaz já tinha hábitos de quem convive desde cedo com o crime: ele dormia com sua arma sob o travesseiro. Conforme os investigadores da DHD, o adolescente chegou a revidar os disparos e atirou seis vezes contra seus algozes – não se sabe se chegou a atingir algum deles. O revólver calibre 38 encontrado ao lado do corpo do menor foi apreendido e será periciado no IGP. "Queremos ver se é a arma usada nos homicídios dos quais ele era suspeito", explica o titular da DHD. "É um guri que nasceu e se criou neste meio. Não conheceu outra vida", lamenta Valeriano. Imagem ilustrativa
*****Jornal NH

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