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Eles também respondem por fraude, pois forjaram a cena do crime, diz MP. Homicídio ocorreu na GO-515, entre Goiatuba e Panamá, em 2012.



Os policias militares Silmar Silva Gonçalves, André Luis Rocha, Edson Silva da Cruz e Aluísio Felipe dos Santos, acusados de matar o cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho Júnior, conhecido como Boni Júnior, vão a júri popular nesta terça-feira (5), em Goiatuba, no sul goiano. Além de homicídio, eles também respondem por fraude processual, pois, segundo a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO), alteraram a cena do crime para tentar incriminar a vítima.
O crime ocorreu no dia 28 de outubro de 2012, na GO-515, entre Goiatuba e Panamá. Na ocasião, os militares alegaram que Boni Júnior estava fugindo de uma perseguição policial após fazer manobras perigosas na pista. Conforme os policiais, ele morreu após bater em um carro da PM que fazia uma barreira na pista. Um militar também ficou gravemente ferido na colisão.

No entanto, o corpo foi exumado dois meses depois e ficou constatado que o cantor foi morto após ser baleado na cabeça. A partir deste fato, as investigações apontaram para o homicídio praticado pelos militares.
Na tese formulada pelo MP-GO, o sertanejo estava em alta velocidade e, por isso, não viu o carro da polícia. Depois da batida, dois dos acusados - Silmar e André - se dividiram: um deu assistência ao policial ferido e o outro foi verificar as condições do cantor. Conforme a peça acusatória, mesmo vendo Boni Júnior agonizando, ele foi baleado na cabeça a menos de 5 metros de distância e morreu no local.
Edson e Aluísio, que perseguiam o artista, chegaram em seguida no local do crime. Ao serem informados da morte, conforme o MP, os quatro resolveram "ardilosamente inovar a cena do crime". Para isso, pegaram a arma de um deles, deram tiros nos carros da polícia, além de guardar o objeto, em seguida, no veículo do cantor. A intenção era simular que Boni Júnior teria efetuado os disparos e os militares apenas se defenderam legitimamente.

O G1 enviou um e-mail para a assessoria de imprensa da Polícia Militar, na manhã desta terça-feira (5), e aguarda um posicionamento sobre o caso.
Investigação
O delegado Ricardo Chueire, responsável pela investigação, realizou uma reconstituição do crime dois meses após a morte. Depois do procedimento, ele confirmou que o confronto fora forjado.

Polícia Civil vai reconstituir a morte de Boni Júnior em Goiatuba, Goiás (Foto: Arquivo pessoal)

"A perícia prova que os próprios militares plantaram a arma na cena do crime, como sendo ela pertencente ao cantor, e ainda atiraram com a mesma arma contra as viaturas para forjar o confronto e justificar a morte de um homem desarmado”, afirmou.
O delegado ressaltou, ainda, que seria fisicamente impossível Boni ter atirado. “A reconstituição mostrou que um indivíduo sentado e dirigindo em alta velocidade não teria posicionamento para acertar os dois carros ocupados pelos policiais e mostra que quem atirou contra as viaturas estava em pé e próximo a elas”, descreveu.
Duas semanas depois, o corpo de Boni Júnior foi exumado e ficou constatado que ele foi assassinado com um tiro na cabeça.
A família da vítima sempre questionou a versão dos policiais. A mãe do cantor, Terezinha Luiz Vinhal, disse que o filho não possuía arma. “Meu filho nunca portou arma de fogo. Ele não era bandido. Era cantor, músico e intérprete. A única arma dele era o violão”, declarou na época do crime.

G1

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